21 de dez. de 2010

Viagem...

Entrei no comboio e dei de caras contigo, esperava tudo, menos isso, queria fugir de ti e acabei, acidentalmente, por ir ao teu encontro.
Sentei-me o mais longe que consegui e mesmo assim conseguia ver-te na perfeição, pus os fones nos ouvidos e olhei pela janela mas por mais que quisesse não conseguia evitar olhar para ti. Estavas ali, à minha frente, à distancia de uns passos e uma coragem incrível que, pensava eu, nunca conseguiria ter.
Ao ouvir aquela musica que sempre me fez pensar em ti, mesmo antes de saber o que eras na minha vida, um nada tão enorme e tão intenso que sempre me confundiu, o meu olhar ganhou vontade própria e encontrou em ti o perfeito refugio, lá estavas tu, sereno e intenso como sempre, trocamos olhares, mas, como sempre, tu fingiste que eu não passava de mais um passageiro naquele comboio…
Pensei que, depois daquele beijo, as coisas fossem mudar, estava enganada, estavas frio e distante como tantas vezes e, estranhamente, isso agradava-me, não que me agradasse a ideia de que não passei de algum tipo de loucura do momento, sei que não, mas agrada-me e sempre me gradou, talvez por me intrigar ou apenas porque gosto dos teus jogos ou porque simplesmente gosto da ideia de que tu não és meu, nem eu sou tua, mas pertencemos mais um ao outro do que alguma vez a outro alguém…
Ou, talvez, pelo simples facto de me conquistares todos os dias e me perderes todas as noites sabendo que na manhã seguinte vou continuar a ser tua como tu és meu, sem ninguém saber, nem mesmo nós, por não o sermos.
Respirei fundo e dirigi-me a ti como que obrigada a isso, ouvi a musica que me lembra o teu cheiro, a tua voz, a tua pele, o teu sabor, contigo…
Não me deste tempo para explicar o que não queria, explodiste num beijo e o tempo parou... Não sei se percebeste o que sentia ou se apenas estavas aborrecido, sei que aquele beijo me transportou para um lugar do qual eu não queria sair…
Queria dizer-te tudo, mas não tinha nada para dizer.
Descansei a minha cabeça ao teu ombro e continuei assim o resto da viagem. “Vemo-nos depois”…
E eu continuo a não ser tua, e tu continuas a não ser meu e será sempre assim, ou talvez não…


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